quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Os seres humanos praticam a justiça por conta do medo das punições?


Tema proposto no curso de Filosofia Política pelo professor mestre Emerson Rocha, inspirado na história do anel de Giges, contada no livro A República de Platão.

Golum e o Anel de Giges
Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei

No texto, Giges é um pastor de ovelhas do reino da Lídia, que encontra um anel mágico que o faz ficar invisível e utiliza desse recurso para assassinar o rei e seduzir a rainha, começando sua própria dinastia.

Esse texto é apresentado por Platão para questionar se os homens são bons por escolha própria ou simplesmente porque temem ser descobertos e punidos.

Começo a expor a minha opinião me referindo inicialmente a tentativa de rotular o homem como se fossemos realmente todos iguais. Seria possível encontrar um denominador comum e “juntar todos os homens no mesmo saco” e definir suas ações? Dificilmente.

É uma arbitrariedade julgar todos os homens por um conjunto de pessoas, o que seria o mesmo que julgar todos os manifestantes da recente história do Brasil de vândalos devido a atuação de algumas pessoas que possuíam um comportamento destrutivo e estavam no meio dos protestos destruindo o patrimônio público e privado.

Se não bastasse a dificuldade descrita acima, há também a dificuldade de se rotular todos os homens pelos representante dos homens de uma época. Até John Locke víamos filósofos que eram ou tinham tendências escravocratas, algo que nos séculos mais recentes não foi mais defendido pelas grandes mentes da filosofia. Antes os Romanos adoravam ver pessoas sendo destroçadas pelos leões nas arenas e hoje isso é considerado no mínimo uma desumanidade.

Dificilmente então, poderíamos rotular e definir o homem como um ser único. Apesar dessa dificuldade, nada me impede de utilizar a imaginação para realizar uma crítica mais criteriosa segundo os perfis que talvez sejam aqueles mais presentes na maioria dos seres humanos em diversas áreas.
Mas como poderíamos analisar os perfis da nossa atual humanidade? Eu diria que temos uma ferramenta para isso e talvez os sociólogos possam concordar comigo, essa ferramenta está constantemente medindo os gostos das massas para lhes oferecer aquilo que elas gostam em troca dos anúncios que veiculam as suas programações. Estou falando da televisão aberta.

Blog Comunicação de Massa

Pare para pensar se o que eu digo não tem uma triste lógica e se concordar comigo, analise o que passa na televisão e verá ali o retrato do homem atual.

Veremos em grande quantidade a sensualidade beirando a pornografia, o futebol que entorpece as massas criando uma ideologia do “eu sou o meu time”, veremos a recente onda do UFC, que é a prova de que o homem atual não está tão distante assim do homem romano que achava um castigo comum a crucificação e a morte na arena, a luta entre gladiadores, veremos os “bailes” funks que se propagaram e são “dançados” em famílias de todas as classes. A mídia, a grosso modo, pode ser a medida do homem atual e a partir desse homem podemos criar nossas teses diversas.

O homem que eu vejo atualmente não é um praticante da virtude, em quase nada ele é um virtuoso e os poucos que são acabam se destacando extraordinariamente, como o fizeram atualmente a Irmã Dulce e o Chico Xavier eleito o maior brasileiro de todos os tempos em concurso dos meios de transmissão em massa.

Infelizmente, tenho que concordar com o negativismo expressado por Thomas Hobbes que define as ações humanas como uma busca por vantagens para si que ocasionalmente representam secundariamente um ganho social.

O homem padrão do nosso tempo ainda deixa de cometer o erro devido as punições que poderiam lhe ocorrer se fosse descoberto, ou ainda, quando religioso, doutrinado ideologicamente, deixa de fazer o mal porque crê em um Deus que tudo vê e que o punirá no futuro. Teme uma punição futura.

Cabe ressaltar que não penso que todos os homens sejam assim, mas se for para julgar a maioria, eu não creio que a maioria, citando um pensamento de Platão, tenham saído da caverna. Estão acorrentados nas sombras de uma quase eterna noite escura de paixões e graças a religião por um lado, e o convívio social em forma de regras e leis, vão treinando uma nova forma de agir, deliberadamente mudando o seu comportamento e ensinando esses novos comportamentos para as crianças que nascem, promovendo uma mudança real mas gradual e melhorando o ser. É uma visão progressista e otimista de uma melhora que parte do individual, onde a cada dia existirão mais homens “libertos” ou parcialmente libertos de suas paixões, naturalmente virtuosos porque treinaram a virtude desde cedo.

Tem uma frase do grande Aristóteles que diz “O homem guiado pela ética é o melhor dos animais; quando sem ela, é o pior.” Possivelmente o homem guiado pela ética representa um grupo de homens e os homens não guiados pela ética representam outro grupo.

Os homens que não são guiados pela ética, tendo um Anel como o que encontrou Giges, viveria praticamente num estado de natureza, sem leis, segundo suas regras e sujeito também a vontade dos outros, seu inimigos, enquanto que os homens virtuosos, os poucos que podem ser encontrados em nosso país em nosso tempo, com o anel de Giges ou não, com superpoderes ou não, continuariam agindo como sempre agiram, de forma ética e digna.

Leonardo Martins Gonçalves – Pós graduação em Filosofia.
Professor Mestre Emerson Rocha

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